No início da Quaresma, encontramos Jesus tentado pelo diabo. A Bíblia tem vários nomes para este personagem: diabo, demonio, lúcifer, satanás. O teólogo Rubens Alves, explica que os demônios estão dentro de cada um de nós, e se os identificamos, e os chamamos pelo nome, com muita oração e boa vontade, poderemos expulsá-los. São eles: a inveja, o orgulho, o egoísmo, o ódio, o ciúme exagerado, a baixo-estima, a depressão, o desânimo, entre outros.
Se não os identificamos, poderemos confundi-los com espíritos impuros e ao invés de buscar a solução dentro de nós e em Deus, a vamos buscar nos milagres, na magia, no exorcismo. E então eles continuarão dentro de nós.
O diabo ao invés, está fora e tem a missão da qual deriva o nome: diabo é o que divide, (dia-bulus, o que separa). O diabo existe. O mundo o ignora mas ele está presente nas guerras, nos medos, nos dramas, nas mentiras e nos vazios do homem pós-moderno, aparentemente descontraído, que pula carnaval, que nega o covid19, que desafia, que é brincalhão e divertido.
O diabo procura romper a comunhão com Deus Pai, quis fazer com Jesus e o faz conosco. Para este fim, usa todos os meios, cita a Palavra de Deus, usa o nome de Jesus, se fantasia de anjo da luz como vemos nos evangelhos, especialmente de Lucas Mateus. “Como está escrito”… “Como diz a Palavra de Deus” “ E os anjos te sustentarão…”
Tentados pelo diabo, usamos o nome de Deus para vender mercadorias, para defender o status quo, para cometer injustiças. Sem falar dos discursos políticos e ideológicos que falam de Deus e em nome de Jesus, em função do seu próprio proveito e interesse.
As três tentações de Jesus são as nossas tentações:
– Querer resolver nossos problemas sem esforço, como se não tivéssemos responsabilidade, sempre esperando a intervenção milagrosa; converter as pedras em pão.
– Preencher o nosso vazio existencial, com coisas materiais, com mais e mais dinheiro sem nos importar a forma como o adquirimos, e sem
Preocupar-nos com as necessidades dos outros.
O Papa Francisco diz que a vergonhosa concentração de renda e do dinheiro no mundo, é prova de que o diabo existe e está mais presente que nunca. É a tentação do ter.
– Desafiar a Deus e colocá-lo `a prova: Se Deus existe por que acontece isso? Se Deus não cumpre com os nossos desejos, passa a ser algo banal e inútil.
Essas são as nossas tentações. Precisamos rezar para superá-las.
Rezemos sem cessar nesta quaresma: “ Perdoai-nos Senhor, e Livrai-nos:
+ Dos demônios que estão dentro de nós, e que vós conheceis.
+ Dos espíritos maus que nos impulsionam a dominar os outros
+ Do consumismo, e exagerada preocupação pelo dinheiro e pelas “devoções” a loterias e jogos.
+ Da tentação do deus prazer como única forma de buscar felicidade.
+ De todos os diabos, que nos encantam e nos seduzem a partir da chantagem.
No deserto, com a oração e o jejum, Jesus nos ensinou a vencer os demônios e o diabo. – A Quaresma é o tempo de unir o que o diabo separou e voltar-nos para Deus. Nós e Deus, a família e a Comunidade.
– A quaresma é o tempo de domesticar os demônios que temos dentro de nós e que precisamos identifica-los.
Será uma batalha difícil, mas não impossível, cuja vitória celebraremos junto a Jesus na Noite de Páscoa.
Published on February 21, 2021