Cardinal Seán O’Malley
Cardinal Seán O’Malley shares about his relationship with the Eucharist and announces a Year of the Eucharist for the Archdiocese of Boston.
Cardeal O’Malley Carta do Ano da Eucaristia – 3 de dezembro de 2019 Amigos,Um estudo recente do website Pew Research Center intitulado de: “O Que os Americanos Sabem Sobre Religião” divulgou que apenas 31% dos católicos acreditam que o pão e o vinho consagrados durante a missa “realmente se tornam o corpo e o sangue de Jesus”; e que apenas metade dos católicos conhecem os ensinamentos da Igreja a respeito da presença real de Jesus na Eucaristia. Com o intuito de ajudar as pessoas a entenderem melhor o significado da Eucaristia, na Quinta-feira Santa de 2020, a Arquidiocese de Boston dará início ao Ano da Eucaristia.
É minha esperança e oração que por meio dessa iniciativa espiritual possamos convidar e encorajar nossos irmãos e irmãs, a encontrar o consolo do Senhor através da participação na celebração da Eucaristia e em momentos de oração diante do Santíssimo Sacramento.Quando meus pais se casaram, meu tio, Padre Gerry Reidy, deu-lhes como presente de casamento uma pintura icônica da Última Ceia de Leonardo Da Vinci. Essa pintura estava pendurada em nossa sala de jantar, e uma das minhas primeiras lembranças de infância foi a dos meus pais nos explicando que essa pintura representa a primeira missa, a primeira Eucaristia. Eles deixaram claro que é por isso que vamos à missa, para participar da mesma Eucaristia que Cristo compartilhou com seus seguidores mais próximos naquela noite da Última Ceia antes que ele sofresse e morresse por nós.Para minha mãe e meu pai, o jantar era um momento importantíssimo em família, nossa presença não era opcional. Era uma instituição em nossa casa para nos reunirmos em volta da mesa e eram naqueles momentos em que nos uníamos uns com os outros.
Era lá que compartilhavamos nossas experiências do dia; era lá que ríamos juntos ou discutíamos uns com os outros. Esta refeição em família foi essencial para a nossa formação e foi onde descobrimos a nossa identidade.O mesmo pode ser dito sobre a celebração da Eucaristia.
Como católicos, é através da Eucaristia que aprendemos sobre a nossa identidade. Na mesa do Senhor, Jesus se doa como um presente para nós, porque Deus nos ama muito. Assim como descobrimos nossa identidade na mesa da família, é na Eucaristia que descobrimos como fiéis e discípulos de Jesus quem somos, por que estamos aqui e qual é a nossa missão como discípulos de Cristo. Ao longo dos anos da minha juventude, eu me lembro de muitas devoções eucarísticas maravilhosas que mantinham a Eucaristia no centro de nossas vidas como católicos; A devoção das Quarenta Horas de Adoração, as procissões de Corpus Christi e a Missa da Última Ceia na Quinta-Feira Santa. Desde pequeno, eu reconheci que a Eucaristia é o que nos distingue da maioria das outras igrejas cristãs, que o Corpo e o Sangue de Cristo estavam realmente, sacramentalmente, presentes em nossa Igreja. Na Última Ceia, Cristo nos deu o sacerdócio para que Ele pudesse estar presente em todos os lugares do mundo, não apenas em Jerusalém, mais e em todo tempo e era. Através da Eucaristia, nós temos contato direto com o Senhor na celebração da missa e em orações diante do Santíssimo Sacramento.
Quando visitamos nossas igrejas em outros momentos, não somente durante as celebrações da missa, podemos ver o brilho vermelho da lâmpada do santuário e saber que Jesus está lá para nós. Ele está sempre esperando por nós, silenciosa e amorosamente, pronto para nos receber e nos consolar.Os Frades Capuchinhos têm o compromisso de fazer dois momentos de meditação por dia e eu sempre faço minha meditação na presença do Santíssimo Sacramento. Para mim, como Arcebispo de Boston, isso acontece tarde da noite quando os telefones param de tocar. É um momento onde sou renovado por meio da certeza de Sua presença e do Seu amor por mim, sabendo de que Ele me guiará e me dará as forças de que preciso.
Rezar na presença da Eucaristia e adorar ao Senhor é uma parte muito importante da minha existência diária, este momento é para mim essencial para perseverar na vocação que abracei.Antes de me tornar bispo, servi como sacerdote em comunidades de língua espanhola e portuguesa, lugares onde aprendi muitos dos hinos que eu canto em português e espanhol, ao Senhor Eucarístico durante minha hora de adoração. Também gosto muito dos hinos em latim que aprendi no seminário, como o Pange Lingua e o hino inglês Jesus, My Lord, My God, and My All. Eu tenho todos eles memorizados. E essa é a solução que tenho para todas as paróquias – que tenhamos um conjunto de hinos que todos aprendem de cor e cantem juntos. Como Santo Agostinho nos disse, cantar é orar duas vezes, porque cantar eleva nossos corações a Deus e nos dá um vislumbre de Sua beleza na beleza da música.Recentemente, a Igreja e seu povo têm vivido tempos muito difíceis. No ano da Eucaristia, todos temos a oportunidade de renovar e fortalecer nossa fé e nossa intimidade com o Senhor. Se centrarmos na presença real de Jesus, em Sua amizade, então tudo fará sentido.
Na celebração da missa, Jesus está lá, esperando por nós, convidando-nos para a mesa onde Ele está fazendo de si mesmo um presente para nós, para que assim possamos ter forças e fazermos de nós mesmos um presente para os outros. É sobre isso que se trata a realização humana. Ela se trata de amor e da oferta nós mesmos em favor dos outros. Esse é o significado da Eucaristia: É o amor levado ao extremo. Quanto mais entendermos isso, mais ainda iremos querer estar presentes na Eucaristia e ainda mais a Eucaristia nos transformará.O discipulado não é um voo solitário. Jesus enviou seu povo de dois a dois, não de um a um e falou sobre a importância de “…onde dois ou três estiverem reunidos em meu nome …”.
A Eucaristia é onde nos reunimos como família de Cristo, é onde podemos testemunhar nossa fé um ao outro e crescer em nossa capacidade para amar. A Eucaristia nos dá a força para cumprir a nossa missão de transformar o mundo, de trabalhar pela justiça, de servir aos pobres, de trazer cura e reconciliação. Mas não podemos fazer tudo isso a menos que tenhamos a força que provém do contato íntimo com o amor de Deus que nos é dado na Eucaristia.O discipulado também necessita de um plano. Precisamos nos questionar o que podemos fazer, individualmente ou com nossas famílias e amigos, para nos preparar para o Ano da Eucaristia. Podemos encontrar a resposta para estas perguntas em momentos de oração diante do Santíssimo Sacramento em nossas igrejas. Podemos ler e refletir sobre o sexto capítulo do Evangelho de João. Podemos convidar familiares, amigos e colegas para se unirem a nós em ocasiões como a missa e momentos de Adoração. Podemos refletir sobre a importância de receber o Senhor na Eucaristia, a diferença que Ela faz em nossas vidas e partilhar sobre isso com aqueles que estão próximos a nós.
Nós não existimos por acidente. Existimos por causa do amor gratuito de Deus, e a Eucaristia é o símbolo mais profundo do Seu amor por nós. Jesus vem até nós com humildade, pequenez, para que ninguém precise ter medo ou ou sinta-se inseguro do Seu acolhimento. Ele se apresenta a nós para que possamos ter a força necessária para viver nossa missão na Igreja como discípulos de Cristo.Deus nos criou e entrou na criação por meio de Cristo para assim que pudéssemos estar perto dEle, para que pudéssemos ouvi-Lo e amá-Lo. Os sacramentos não apenas tocam nossas vidas, eles moldam nosso próprio ser, e a Eucaristia é o centro da nossa vida sacramental. É por isso que sou católico. É por isso que sou sacerdote. Sem a Eucaristia, eu me perguntaria: “Vale a pena?” Eu sei que vale a pena, porque Cristo está realmente presente na Eucaristia. Que Deus os abençoe abundantemente com esta certeza de que Jesus estará sempre conosco, até o fim dos tempos. Essa é a promessa de Jesus e Ele mantém essa promessa no dom da Eucaristia.
Na certeza de minhas orações por você e por todos aqueles a quem você ama, eu sou,
Sinceramente vosso em Cristo,
Seán O’Malley
Arcebispo de Boston